7 fevereiro, 2024


Recentemente encontrei uma metáfora que ilustra minha visão do processo psicoterapêutico. Talvez soe clichê, mas para mim, isso se assemelha a cultivar uma planta. Sem os devidos cuidados, sem a dedicação necessária, a planta inevitavelmente definha.

Da mesma forma, as pessoas que chegam até o consultório trazem consigo um sofrimento que muitas vezes passa despercebido, um cuidado que frequentemente é negligenciado. O processo terapêutico é a chance de oferecer a eles algo diferente, uma oportunidade de ser um contexto que responde a esse sofrimento de outra forma: com atenção, curiosidade e escuta ativa.

Acredito que neste contexto se constrói a base para o crescimento e o florescimento.

Às vezes, pode ser um processo lento, repleto de barreiras, mas assim como uma planta que, com paciência e dedicação, se modifica e se torna uma explosão de cores e formas, a jornada terapêutica também pode levar a transformações. E assim como um jardineiro celebra cada botão que desabrocha, eu celebro cada passo que meus clientes dão em direção à uma vida significativa.

 

2 fevereiro, 2024



Todos os dias temos oportunidades de aprendizado, muitas vezes as quais nem percebemos e tampouco refletimos. Seja ao ler um livro, ao assistir uma aula, ouvir uma música ou um podcast, ao passar por uma situação de conflito com alguém, uma dificuldade no trabalho, uma viagem para outra cidade, ou simplesmente trocar ideias com amigos e familiares, o conhecimento e aprendizado está constantemente no nosso dia a dia.

Essas experiências diárias, aparentemente comuns, são caminhos de aprendizado que podem nos proporcionar insights e ensinamentos valiosos sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos cerca.

Ao observarmos atentamente esses pequenos detalhes, abrimos as portas para um aprendizado contínuo e enriquecedor em nossas vidas.

Me diz, o que você aprendeu de importante hoje?

 

1 fevereiro, 2024


Um dos meus compromissos deste ano é aprofundar meu estudo sobre o momento presente. Para quem não conhece, resumidamente podemos defini-lo como prestar atenção com abertura e curiosidade ao que acontece seja dentro ou fora da nossa pele.

A vida contemporânea parece nos afastar desse propósito, tanto nas nossas ações quanto nas nossas emoções. Estamos constantemente buscando otimizar o tempo, correndo nas atividades diárias, consumindo vídeos breves sem tempo para assimilá-los, e nossos pensamentos seguem esse ritmo, focando em resolver questões cotidianas, analisando detalhes e julgando até mesmo aqueles que não conhecemos. Isso nos afasta do que ocorre ao nosso redor e do que se passa dentro de nós.

Perguntas com marcadores temporais, como "agora", "neste momento" ou "neste instante", podem criar uma conexão e nos ancorar no presente, oferecendo uma alternativa ao imediatismo ao qual estamos tão acostumados. Simplesmente observar o entorno, o corpo, os sentimentos e pensamentos torna-se uma opção valiosa. 
Por exemplo:

O que você está acontecendo agora?
O que você está sentindo agora?
O que você está pensando agora?

Você já se fez estas perguntas hoje?

Você já se fez estas perguntas agora?

* Esta publicação foi inspirada na leitura "O poder do agora" de Eckhart Tolle.

 

13 julho, 2022

103. C.S. LEWIS: To love at all

"Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, você não deve entregá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde-o na segurança do esquife de seu egoísmo. Mas nesse esquife - seguro, sem movimento, sem ar - ele vai mudar. Ele não vai se partir - vai tornar-se indestrutível, impenetrável, irredimível. Amar é sempre ser vulnerável". - C.S Lewis em os Quatro Amores.

Lembro que vi esse trecho há alguns anos e confesso que impactou fortemente em mim!

Fiquei pensando comigo mesma o quanto que já deixamos de nos aproximar e deixar outros se aproximarem, de construirmos uma relação de intimidade e conexão, para evitar nos machucarmos emocionalmente.

Quanto que nesse esforço em nos mantermos distantes, e nos mostrarmos como fortes e pouco vulneráveis, perdemos momentos que poderiam ser valiosos e significativos, momentos esses que poderiam refletir no decorrer das nossas vidas.

Na medida em que amamos algo ou alguém é impossível e inevitável correr da dor e do sofrimento que esses podem nos causar. Pode ser uma separação, uma viagem longa, um defeito, e até mesmo a morte. Se quisermos evitar tudo isso, também abdicamos de tudo de bom que eles poderiam nos oferecer.

Imagem: ZenPencil

Texto: Andressa Tanan de Jesus

 

6 julho, 2022


Desde 2020 aconteceram tantas mudanças no nosso círculo familiar e de trabalho, na nossa cidade, no nosso país e no mundo como um todo, que tem sido dificil assimilar tudo que tem acontecido até agora.
Nos noticiários, nas redes sociais, e entre outros lugares o que mais se fala são notícias dificies, duras, revoltantes. Está desesperador!

Concordo que é importante nos mantermos informados e atualizados do que ocorre no país e no mundo, mas para além disso, o que pode ser falado? O que pode ser sentido?
Você tem parado, por exemplo, para observar a própria respiração? Para brincar com o doguinho no quintal, para conversar de qualquer outra coisa com seus familiares ou com seus amigos numa chamada de vídeo ou mensagem, já que há tanto tempo não se veem. Para ler aquele livro esquecido na lista de livros? Para fazer uma receita diferente para o almoço de domingo? Aprender algo novo?

Ontem na volta para casa, depois de atender, ao invés de ficar conversando com os meu botões - alheia ao meu redor - fiz diferente. Dessa vez, olhei para árvores, toquei nas flores, senti o vento contra o meu rosto e os pingos de chuva nos braços.
De brinde achei uma folha com um formato lindo, parecido com um coração, que gerou um belo registro desse momento enquanto estava conectada e atenta a mim mesma e ao que acontecia ao meu redor.

Convido vocês a tirarem alguns minutos, quando possível, para fazer algo parecido. Espero que seja valioso conectarem-se consigo mesmo!

Imagem e texto: Andressa Tanan de Jesus

 

4 julho, 2022


Em algum momento da vida, creio que a maioria de nós já escutou e falou alguma ou se não todas essas frases:

- “Não fique assim”
- “Pare de frescura”
- “Que exagero!”
- “Não precisa sentir medo, vai dar tudo certo!”
E agora te pergunto, da perspectiva do ouvinte, você alguma vez deixou de sentir medo? Ou deixou de ficar “assim”, de sentir alguma dessas emoções que passava pelo seu corpo?
Eu imagino que não!
O que acontece é que dado a uma situação, emoções e pensamentos vão aparecer. É natural! Quando perdemos alguém que amamos, nos sentimos tristes; quando temos uma prova super importante, nos sentimos ansiosos; quando começamos a gostar de uma pessoa, nos sentimos apaixonados e por aí vai...
Quando falamos alguma daquelas frases acima, evitamos o nosso desconforto emocional e agimos para que o outro também deixe de pensar e sentir coisas desagradáveis.
Eu imagino que em alguns momentos, a intenção é ajudar, acalmar e tentar aliviar qualquer sentimento desagradável que esteja ocorrendo com essa pessoa, mas infelizmente essa situação tem o efeito contrário, pois ela pode sentir-se descompreendida, achar que o que ela sente é realmente bobagem e que ela não deveria se sentir assim.
E o que ela aprende?
a) Não deveria sentir o que eu sinto e b) Não posso contar com alguém que me entenda de verdade.
Para que possamos promover uma melhor qualidade de vida emocional, com abertura para os nossos sentimentos e dos outros, é importante ficar próximo a essa pessoa, oferecer a sua companhia, escutar o que ela tem a dizer, sem dizer quaisquer daquelas frases lá de cima ou conselhos, dar espaço para as suas emoções e as do outro também, sejam elas agradáveis ou desagradáveis.
Sentir faz parte da experiência humana e nada melhor sentir o que tem para ser sentido, na presença daquele que sente junto com a gente com abertura e compreensão!

Imagem e texto: Andressa Tanan de Jesus